Por Elson Aguiar — Especialista em Estratégias Digitais para Negócios Regionais
O que poucos entendem sobre posicionamento local no Google
A maioria dos empresários ainda acredita que ter um perfil no Google Meu Negócio é “estar no Google”. Isso é um erro.
Estar presente não significa ser encontrado.
Ser encontrado não significa ser preferido.
Em um ambiente onde 95% das buscas locais resultam em visita a uma loja, serviço ou contato direto, o que você precisa dominar é como transformar essa ferramenta gratuita em uma máquina de visibilidade, reputação e conversão.
E mais: como usá-la para construir um posicionamento regional sólido e dominante — mesmo que você não entenda nada de marketing.
Parte I – A lógica oculta do Google: por que ele exibe alguns negócios e ignora outros?
Antes de falarmos de fotos, horários e avaliações, você precisa entender como o Google pensa.
O algoritmo de exibição de perfis locais considera três pilares:
1. Proximidade (Location):
O quão perto o seu negócio está do usuário no momento da busca.
2. Relevância (Relevance):
O quão bem seu perfil responde à intenção da busca (nome da categoria, palavras-chave, descrições, posts, fotos, serviços, produtos etc.).
3. Destaque (Prominence):
Sua reputação online: número de avaliações, qualidade das fotos, frequência de atualizações, links, citações e até tempo de existência do perfil.
Tradução prática:
Você precisa alimentar seu perfil com conteúdo estratégico, não apenas “preencher os campos”.
Google lê, avalia e posiciona.
Parte II – O erro fatal: preencher o perfil como se fosse um cartão de visita
Empresários que tratam o Google Meu Negócio como se fosse um cartão estático — apenas com nome, telefone e endereço — estão deixando dinheiro na mesa.
O Google Meu Negócio é um canal de marketing ativo.
É preciso tratá-lo como uma extensão da sua vitrine, da sua equipe de vendas e da sua reputação pública.
Parte III – Guia prático e pontuado: o que fazer para se destacar no Google
1. Escolha a categoria certa (e subcategorias também!)
Exemplo: "Clínica de estética" não é o mesmo que "Esteticista" ou "Spa facial".
A categoria principal define onde você aparece. Revise e ajuste com precisão.
2. Use palavras-chave locais na descrição e nos serviços
Ao invés de "Atendimento personalizado", use: "Manicure com esmaltação em gel no bairro São Roque em Farroupilha".
3. Adicione no mínimo 20 fotos (e continue postando semanalmente)
O Google prioriza perfis visualmente ativos. Poste: fachada, equipe, bastidores, clientes (com permissão), produtos, serviços, eventos.
4. Ative a área de produtos ou serviços com descrição e preço
Mesmo para prestadores de serviço. Isso aumenta sua relevância e indexação.
5. Use a seção de posts para promoções, eventos e atualizações
Poste 1 a 2 vezes por semana. Pense como se fosse o seu “feed do Google”.
6. Peça avaliações com estratégia
- Sempre que concluir uma venda ou atendimento, envie o link direto do seu perfil.
- Ensine o cliente a falar da experiência, do local e do produto.
Exemplo: “O atendimento da barbearia no centro de Bento é sempre rápido e cuidadoso. Volto toda semana.”
7. Responda TODAS as avaliações
Respostas bem escritas aumentam sua reputação perante o Google — e seus clientes.
8. Use o link de agendamento, WhatsApp ou botão de ação
Integre com ferramentas de CRM ou agenda. Clientes modernos não querem ligar, querem clicar.
Parte IV – O que ninguém está te contando: o impacto psicológico do perfil otimizado
Pesquisas de neuromarketing mostram que o cérebro humano responde com mais confiança a empresas que têm prova social (avaliações), consistência visual (fotos reais e frequentes) e familiaridade (aparecem em buscas repetidas).
O seu perfil é o primeiro contato com sua marca para 80% dos novos clientes.
Se você não inspira confiança em 5 segundos, perdeu a chance.
[ X ] Foto genérica = desconfiança
[ V ] Avaliações recentes e resposta ativa = segurança
Parte V – Tendência: Google está priorizando o “perfil de autoridade local”
Você quer aparecer mais?
Construa uma autoridade regional.
Como fazer isso no GMB:
- Use o nome da cidade/bairro estrategicamente nas descrições.
- Tenha um site ou link de rede social com o mesmo nome e localização.
- Incentive menções em sites locais (guias, jornais, blogs, parceiros).
- Faça stories locais com link do perfil (em redes sociais integradas).
- Apareça no Google Maps em categorias relacionadas.
Resultado: você passa a ser visto como uma resposta prioritária para aquela região e segmento.
Você não precisa entender tudo de marketing digital.
Mas precisa entender que não ter um perfil completo, ativo e estratégico no Google Meu Negócio é hoje o mesmo que deixar as luzes apagadas na vitrine de uma loja.
E pior: é deixar seu concorrente ocupar o lugar que era seu — por inércia.
Quando Estar no Google Se Torna um Risco Estratégico
Você leu até aqui e talvez esteja pensando:
“Ok, Elson. Vou preencher meu perfil, postar toda semana, pedir avaliação, colocar meu número de WhatsApp... Agora estou pronto.”
Mas aqui vai o alerta que ninguém te deu — e talvez te irrite um pouco:
O Google Meu Negócio pode te prejudicar.
Sim. Você leu certo.
E vou te explicar por quê.
Quando a sua vitrine começa a trabalhar contra você
O mesmo Google que pode colocar você na frente de centenas de clientes em potencial é o mesmo que vai escancarar seus erros operacionais e falhas de gestão para o mundo.
Se você:
- Tem dificuldade em manter o horário de atendimento atualizado
- Não responde avaliações negativas com inteligência
- Usa fotos antigas e amadoras
- Muda de endereço e não atualiza o perfil
- Não padroniza nome, telefone e informações nos outros canais
Você não está aparecendo.
Você está expondo fragilidades.
A exposição sem preparo é suicídio comercial.
E muitos empresários apagam a própria autoridade sem perceber.
O fator invisível: o paradoxo da desconfiança digital
Na cabeça de quem pesquisa no Google, funciona assim:
“Se essa empresa não cuida da própria imagem, como vai cuidar de mim?”
Você pode ser excelente no que faz.
Mas a percepção digital ruim mata a confiança antes mesmo da conversa começar.
É o que chamamos de colapso de autoridade silencioso.
E acontece todos os dias — com empresas boas, mas mal posicionadas.
Então o que fazer?
Você precisa tratar seu Perfil no Google como uma extensão da experiência real que o cliente terá com a sua marca.
A pergunta que muda tudo é:
“Se o Google fosse o único lugar onde meu cliente interagisse comigo… ele compraria?”
Se a resposta for “não”, então seu perfil não está pronto para ser público.
E aqui vai o paradoxo:
Você não deve aparecer se ainda não está pronto para sustentar o que aparece.
A reviravolta: quanto mais você expande sua presença, mais sua gestão precisa amadurecer
Aqui está a verdade desconfortável:
O maior erro dos pequenos empreendedores não é estar fora do digital.
É estar dentro sem preparo, sem consistência, sem estratégia.
O posicionamento não começa no marketing.
Começa na coerência operacional.
- É seu atendimento que define sua nota no Google.
- É sua demora no WhatsApp que mata uma venda.
- É sua entrega atrasada que vira uma crítica pública.
- É sua desorganização que vira ruído.
E é aí que o marketing não salva. Ele amplifica.
Conclusão provocativa: o Google não muda seu negócio. Ele revela quem você realmente é.
Se sua base é fraca, a vitrine quebra.
Se sua estrutura é confusa, o algoritmo percebe.
Você não precisa de seguidores.
Você precisa de clareza. consistência. processo.
A ordem certa é:
- Estrutura mínima bem-feita
- Atendimento claro e rápido
- Processo simples de venda
- Google Meu Negócio ativo e coerente com a realidade
- Só então, tráfego, impulsionamento, automações e escala
Reflexão final:
Muitos querem crescer no Google.
Poucos param pra pensar:
“Se eu tiver 10x mais visibilidade amanhã... meu negócio aguenta?”
Porque o que você precisa não é mais cliente.
É mais capacidade de encantar e converter o cliente certo.