O ChatGPT faz textos genéricos. Criar conteúdo assim não te deixa mais inteligente.

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Na era em que praticamente todo criador de conteúdo utiliza o ChatGPT para escrever textos, roteiros, legendas e até ideias de negócio, tudo começou a soar igual. Não parecido. Igual.

As mesmas palavras.

As mesmas construções.

Os mesmos “efeitos dramáticos” que não dizem nada.

Expressões como efêmero, fugaz, tesouro, um grito silencioso e outras que dificilmente fazem parte da linguagem real de alguém começaram a se repetir como um eco artificial. O problema, porém, não está nessas palavras isoladamente. O buraco é bem mais fundo.

Ao longo da minha trajetória trabalhando com inteligência artificial, ficou claro um ponto:

se você não entrega base, vivência e intenção, o texto sai vazio.

Sem peso.

Sem identidade.

Sem utilidade.

E disso a internet já está saturada.

Vivemos um momento em que muito conteúdo existe apenas para ocupar espaço. Textos que não acrescentam uma vírgula sequer na vida de quem lê. Um desperdício de tempo numa era em que o tempo é cada vez mais curto, e a pressão por produzir mais nunca foi tão grande.

A pergunta que fica é direta:

até que ponto estamos dispostos a abrir mão da nossa essência para acompanhar esse ritmo?

Quando coloco dessa forma, pode parecer que sou um crítico da inteligência artificial. Não sou. Uso IA. Uso muito. Mas entendi como o jogo funciona.

Produzir menos conteúdo, com mais densidade, exige algo que nenhuma ferramenta entrega sozinha: trajetória.

O peso da experiência.

A bagagem de quem viveu, errou, construiu e pensou.

Não existe prompt que substitua isso.

Não existe comando que crie visão de mundo.

O que se vê hoje é uma enxurrada de vídeos e textos criados a partir de pedidos rasos:

“Crie um roteiro viral.”

“Escreva um texto motivacional.”

“Faça um post que engaje.”

O resultado? Conteúdo fútil, descartável, sem responsabilidade com quem consome.

Na tentativa de ser ouvido, muitos profissionais passaram a se travestir de personagens, exagerar discursos, banalizar temas sérios. Tudo vira entretenimento raso. Tudo vira performance. Tudo vira volume.

E enquanto isso, a profundidade vai sendo sacrificada.

Recentemente, surgiu um termo que ajuda a colocar esse cenário em perspectiva: inteligência assistida por IA.

A ideia não é nova, mas o conceito é importante: a inteligência artificial como apoio à construção de algo que nasce no humano, não como substituição do pensamento.

A pessoa não precisa ter tudo pronto, mas precisa ter algo. Um ponto de vista. Uma pergunta real. Um incômodo legítimo.

O problema é que isso esbarra em um dado desconfortável da nossa realidade.

Uma pesquisa coordenada pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, em parceria com Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, UNESCO e UNICEF, revelou que 29% da população brasileira é analfabeta funcional.

Entre pessoas de 40 a 64 anos, esse número chega a 51% acima dos 50 anos.

A pergunta que ninguém quer fazer é simples:

como uma sociedade com esse nível de dificuldade de interpretação vai utilizar a inteligência artificial de forma crítica, estratégica e consciente?

Sem base, a IA não amplia pensamento.

Ela apenas replica padrões.

E é exatamente isso que estamos vendo.

A criação de conteúdo foi democratizada, sim. Mas essa democratização veio acompanhada de um nivelamento perigoso. para baixo, não para cima. Repetição de fórmulas. Repetição de discursos. Repetição de palavras vazias.

Tudo pode viralizar.

Tudo pode parecer interessante.

Mas quase nada constrói algo duradouro.

Qual o benefício real disso?

Que valor fica depois que o vídeo acaba?

Que aprendizado permanece depois do like?

Se você não quer ficar preso no básico, existe um caminho claro, e ele não é confortável: estudar.

Estudar comunicação.

Estudar comportamento.

Estudar como usar inteligência artificial de forma estratégica, e não automática.

Entender engenharia de prompt não é sobre escrever comandos melhores. É sobre pensar melhor antes de pedir qualquer coisa.

A realidade é dura, mas precisa ser dita: em uma sociedade onde uma parcela significativa da população não domina interpretação básica, fazer o mínimo bem feito já coloca você à frente.

Não porque você é melhor.

Mas porque decidiu não terceirizar o próprio pensamento.9*-


Aline Fontes

O ChatGPT faz textos genéricos. Criar conteúdo assim não te deixa mais inteligente.

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